Revista Vida Policial, Rio de Janeiro, 1925-1927
Elena Shizuno
Inicialmente, pretendemos situar historicamente o surgimento da revista Vida Policial. A década de 1920 foi um momento importante das atividades dos meios de comunicação no Brasil e consideramos esta revista uma pioneira entre aquelas que tematizavam somente os universos criminal e policial. No período, com o incremento numérico dos meios de comunicação, a ampliação da estrutura dos meios de comunicação, do aparato tecnológico e de informação influenciou no processo de impressão e das artes gráficas, contribuindo para a modernização da imprensa brasileira[1].
Neste contexto de grande interesse o hebdomadário, Vida Policial foi publicada pela primeira vez em março de 1925 e circulou ininterruptamente até fevereiro de 1927. Inicialmente, foi dirigido por Waldemar Pereira de Figueiredo, na época bacharel em Direito, e por Raul Ribeiro, inspetor de segurança da 4a Delegacia Auxiliar.
O primeiro diretor-secretário da revista foi Mário José de Almeida, e, a partir do número 41, esta função passou a ser de Cláudio de Mendonça[2]. Na matéria “Vida Policial e a sua nova phase”, anuncia-se que Figueiredo deixou a direção da revista e a assumem Jayme Freire e Mario Jose[3].
Importante salientar que desta delegacia provinham outros colaboradores da revista como Mário José de Almeida, chefe de seção, e Frósculo Machado, oficial de gabinete. A 4a Delegacia Auxiliar, antigo Corpo de Segurança Pública e a Inspetoria de Investigação e Segurança Pública, foi criada por decreto de novembro de 1922, na cidade do Rio de Janeiro, sendo os seus delegados, auxiliares, escolhidos entre os oficiais da polícia militar, prática diferenciada de outras delegacias, onde o eram bacharéis, sendo que “até a década de 30, o nome do 4o delegado auxiliar era sinônimo de repressão política”[4] e “excessivo uso da força”[5]. Além disso, segundo Cunha “cumpriu a função importante na montagem de uma ´estrutura` de criminalização da vadiagem e foi responsável por projetos de expulsão e degredo envolvendo estrangeiros e ´indesejáveis`”[6].
Esta delegacia possuía um arquivo próprio geral e de informações que era consultado por delegacias distritais e também pelas auxiliares. Esta função específica era atribuição do Gabinete de Identificação Criminal e Estatística, destaque para o fato que esta mantinha uma “ficha oficial” que não continha dados relacionados à descrição física do preso, porém esta questão foi mantida pela 4a Delegacia Auxiliar.
Com a reforma da polícia em 1932, o Gabinete tornou-se Instituto de Identificação e esta delegacia transfere o seu modus operandi para a Delegacia Geral de Investigação[7]. A 4a Delegacia Auxiliar destacou-se, pois elucidou o caso Febrônio, Índio do Brasil, em 1927, tornado famosos alguns policiais, tais como Pedro Ribeiro e Sílvio Terra. Febrônio foi o primeiro interno no Manicômio Judiciário, preso por matar meninos e estuprá-los, num caso paradigmático que envolveu a imprensa, polícia, e avaliações médicas e antropológicas[8].
No penúltimo número disponível, anunciou-se que a direção do periódico passava a ser de Jayme Freire, que, na coluna intitulada “Poucas Linhas”, expressou o seu compromisso e programa ligados à ética jornalística, bem como a sua isenção e capacidade crítica, à intenção de ser a revista um meio que objetivava o serviço público, a orientação e a defesa contra aqueles que atentavam contra a coletividade. Ou seja, a revista visava a “auxiliar a educação do povo e, ao mesmo tempo, fornecer meios para a sua defesa” [9].
Sobre os motivos do término da edição da revista, não possuímos maiores esclarecimentos. Provavelmente, podem estar ligados ao envolvimento de Waldemar de Figueiredo em querela com bicheiros e, supostamente, com os policiais e setores do judiciário que os apoiavam.
Além disso, havia o que Figueiredo chamou de “mao serviço dos correios”, pois as revistas estavam sendo desviadas, e havia inúmeras reclamações de assinantes, o que fizera possivelmente com que perdessem a confiança entre os leitores. Segundo Figueiredo, eles procederam a uma investigação e descobriram que um carteiro da repartição dos correios estava vendendo as revistas na ponte das barcas de Niterói, vinte revistas por cinco mil réis, o que os fez prestar queixa na policial na 1a Delegacia auxiliar[10].
A revista era semanal e os seus números avulsos eram vendidos ao custo de 1$000 na capital e a 1$200 nos estados. Sua formatação era de 32 x 23,4 cm, impressa nas oficinas gráficas da Sociedade Anônima Patria degli Italiani, de propriedade de Jose Miccolis. Denominava-se como sendo “um jornal de educação social”, “um órgão de defesa social”, “única revista no gênero em todo o país”. Certamente, o mote referia-se ao papel que o periódico ambicionava.
A seção de cartas da revista, curiosamente, continha somente à resposta das cartas enviadas à redação, portanto, temos que deduzir a pergunta ou questão proposta pelos leitores da revista. As cartas provinham das mais variadas cidades, mas a maioria chegava das capitais do país, de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Natal, Pelotas, Friburgo, Belo Horizonte, Niterói, Ribeirão Preto, bem como nos estados de Bahia e Sergipe, ou seja, de onde se lia a revista.
Em sua propaganda, a Vida Policial era apresentada como noticiosa de casos policiais importantes, com inúmeras fotos e descrições de crimes e criminosos, o que era considerado serviço de intercâmbio, o que hipotetizamos ser um serviço de intercâmbio entre policiais. Em propaganda de um almanaque de Vida Policial, que desconhecemos se foi publicado, afirmou-se “os punguistas, criadas ladras, ladrões, indesejáveis e mercadores de escravas brancas, serão mostrados ao público como simples medida de therapeutica policial”. E asseguram que, além disso, o almanaque iria conter “farta ilustração sobre edifícios, departamentos, quartéis, autoridades, serviço de vigilância e vehiculos, polícia marítima, militar e civil, gabinetes medico-legal e identificação (…). Guardas, soldados, cadeias, delegacias, penitenciarias e tudo o quanto se refira à polícia das nações do continente sul-americano será publicado com detalhes”[11].
Provavelmente, o almanaque se propunha a ser o que a revista o era de forma condensada, a ilustrar o que, num período longo, tornou-se mais importante e marcante dos assuntos propostos, destacando-se a questão da terapêutica policial expressão de cunho médico que faz referência à analogia recorrente da doença com o crime e, mais especificamente, do indivíduo criminalizado. O que equivale a dizer que o policial era o médico.
Este tipo de formatação deveria atingir o grande público, tanto quanto os policiais da alta patente. No geral, atingiria um público urbano, principalmente da cidade do Rio de Janeiro, de classe média e baixa classe média. A publicidade na revista era reveladora deste público: desodorantes, xampus, perfumes, cafés, cinemas, livrarias, lugares de diversão, casas de loteria, remédios, como elixir para tratamento de sífilis e impotência, tônico depurativo, jornais, roupas, sapatos, restaurantes, empresa de transporte marinho, casa de sementes, cigarros, lâmpadas, bancos, entre outros produtos[12].
A revista foi referenciada, em saudações por seu lançamento, por diversos círculos jornalísticos, como A Pátria, O Paiz, O Jornal, Gazeta dos Tribunaes, O Imparcial, A Vanguarda, A Noite, La Patria degli Italiani e A Gazeta. Estas apreciações foram o tema de matéria específica de duas páginas na revista, onde se destacaram os descritivos positivos e de reconhecimento no meio jornalístico do surgimento deste veículo. Enfatizaram-se, igualmente, a capa elaborada em vistosa trichromia (O Jornal), as finas gravuras (Gazeta do Tribunaes) e, na intenção, segundo o jornal A Noite:
Destina-se a ´Vida Policial` às publicações sobre o aspecto technico e scientifico no intuito de offerecer os planos para prevenção, repressão e punição contra os crimes que, quotidianamente, se observam em todas as suas modalidades e num crescendo assustador.[13]
Depois de feita a comunicação às autoridades policiais do Rio de Janeiro e dos Estados em editorial de lançamento, ressalta em preâmbulo, na primeira página, o retorno recebido.[14] Igualmente, em saudações de felicitação, o secretário do Ministro da Justiça, Mozart Lago, em carta aos diretores do hebdomadário, destaca que, recebido o primeiro número enviado, afirmou que este veio para “preencher uma lacuna” e que foi “[…] de inteligente execução”. No número 4 da revista, há outros cumprimentos e estímulos à publicação. Nesta edição, foram publicadas as cartas do chefe de polícia do Rio Grande do Norte, da Chefatura de Polícia do Pará e do primeiro delegado auxiliar de Vitória, Espírito Santo. Este último disse: “É, sem dúvida alguma, uma optima revista, e, se me não falha a memória, no gênero é a primeira que se edita no Brasil”.[15]
Além de congratulações recebidas do Marechal Chefe de Polícia, M. L. Carneiro da Fontoura e do 2o Delegado Auxiliar Aloysio Neiva e de Heitor Bracet descrito como “alto funcionário do Gabinete de Identificação”, além de receberem em sua redação o Chefe de Polícia interino, Ernani de Carvalho que destacou o “o papel relevante que vem preencher a nossa revista”[16].
O primeiro número da revista foi um sucesso, tanto que foi necessária uma segunda edição, anunciada no número 12, nestes termos: “estando completamente esgotada toda grande edição do 1o número da Vida Policial, e sendo considerável os pedidos de todas as localidades do paiz, resolvemos fazer segunda edição. Assim, pois, os nossos leitores, poderão ser atendidos”[17].
De forma geral, ressalta-se a importância de um meio deste gênero por ser considerado inédito, por sua qualidade de impressão, pela participação de inúmeros especialistas na área policial e de colaboradores importantes. O próprio nome do periódico era uma forma de fornecer ao seu leitor o seu desígnio, em cujo slogan pode ser evidenciado sinteticamente: hebdomadário noticioso, crítico e doutrinário.
Também no primeiro número de 14 de março de 1925, em nota reproduzida do jornal A Gazeta, diz-se:
O novo jornal, que tratará largamente de polícia scientifica, interessará por isso não só aos que militam nos departamentos asseguradores da ordem, como ainda ao grande público pelas notícias dos crimes da cidade que nenhuma imprensa poderá divulgar com mais detalhe, rigor, precisão e minúcias que aquella que se especialise neste assumpto. [18]
Também, a revista Vida Policial definiu-se como um periódico doutrinário e crítico, o que significava uma marcante presença da criminologia, da criminalística, de discussões sobre a reforma da polícia, mas também da crônica de costumes, do conto e folhetim policial, entre outras matérias afins. A organização policial era, portanto, destaque nas reportagens, assim como as sequências sobre o histórico da instituição, biografias e muitas fotografias de chefes de polícia, tanto a militar quanto a civil, o comparativo com a polícia de outras partes do Brasil e do mundo, a formação policial e técnica, a criminologia, a investigação policial e as matérias sobre o sistema penitenciário.
Os colaboradores citados em nota que anuncia o aparecimento da revista: Evaristo de Morais, Edgard Simões Correia, Armando Vidal, Mário José, Frósculo Machado, entre outros criminalistas, policiais e médicos. Portanto, evidencia-se o destaque dado a estes autores em seu programa, que, na época, provavelmente estavam entre os leitores da revista pertencente à esfera do sistema de justiça criminal.
Note-se o destaque dado a um destes redatores policiais pelo mesmo jornal (A Gazeta): “Entre os collaboradores do novo jornal destaca-se o escriptor Mario José de Almeida, que o grande público fluminense já tanto conhece através de seus bellos escriptos neste jornal, e que é um dos poucos policiaes formados do Rio de Janeiro”.[19] Almeida também foi jornalista, escritor, poeta, chefe de seção da 4a Delegacia Auxiliar, assumindo depois o cargo de escrevente de polícia. Em seção na revista intitulada “Perfis Policiais”, foi descrito com elogios que revelavam uma grande admiração.[20]
Em matéria intitulada “Os diplomados em policia scientifica”, destacou-se o papel importante e influente da polícia científica e da Escola de Polícia Científica criada no Rio de Janeiro, em 1912. Neste sentido, inaugurava-se uma série dos cultores da polícia científica no Brasil, cujo retrato primeiro era o do Doutor Frósculo Machado, considerado “[…] um dos espíritos mais cultos da nossa polícia”.[21] Bacharel em direito e um gentleman, no rigor britânico do vocábulo. Na época, ele também exercia funções de oficial de gabinete na 4a Delegacia Auxiliar.
Tal matéria enfatizava o papel daquele que era considerada o principal organizador deste tipo de polícia, Apolone Bertillon, além de citar Reiss, Vucetich, Galton, Purkinje e os brasileiros Félix Pacheco[22], considerado o introdutor da polícia científica e um dos “cultores desses úteis estudos entre nós”[23], e Elysio de Carvalho, destacado numa foto por ter sido o diretor da escola, Edgar Simões Corrêa, Hermeto Lima[24], Manoel Viotti, Argeu Guimarães e o juiz Eurico Cruz[25].
Elysio de Carvalho foi diretor e professor da primeira escola de polícia fundada na América e, segundo a revista, por isso considerado “a maior autoridade em matéria de technica policial entre nós”[26]. Em matéria intitulada “Escola de Polícia”, foi detalhado o seu programa e destacados os seus prodígios, inclusive com elogios das maiores autoridades profissionais da área, tais quais Vucetich, Bertillon, Niceforo e Locard, que a classificou como “modelo admirável”[27].
Carvalho (1880-1925) foi sociólogo, criminólogo, ex-seminarista. Descrito paradoxalmente como um autodeclarado anarquista, depois Nietzscheniano, idealizou a fundação de escolas de polícia e foi um dos primeiros diretores do Gabinete de Identificação da Polícia do Distrito Federal. Escreveu A Polícia Científica no Brasil, A Organização e o Funcionamento do Serviço de Identificação do Rio de Janeiro, O Professor R. A. Reiss no Brasil, Synthese de Polícia Científica e o Manual do Agente de Polícia. Preconizava a ideia de havia a necessidade de cientificizar a polícia, e muitos de seus textos a entendia com forma de alcançar a introdução de “técnicas científicas”, tais como o uso de materiais químicos, métodos estatísticos e médicos, porém uma ciência domesticada pela realidade[28].
Escreveu no Boletim Policial, revista mensal do Gabinete de Identificação e de Estatística, localizado no Rio de Janeiro, e suas publicações eram inspiradas em Lombroso, Ferri e nos trabalhos sobre a moderna technica policial de Bertillon e de seus continuadores Reiss e Locard. Elysio de Carvalho havia sido o responsável pela temporada de conferências de Reiss no estado de São Paulo, sobre ele escreveu que era “a encarnação viva de Sherlock Holmes, um Sherlock autêntico em carne e osso”[29].
Neste caso, preconizava-se um projeto institucional de polícia científica, oposta ao mundo policial de então, entendido como o espaço da ilegalidade e de violência. E assim para tanto “Se entre os preceitos e as práticas incorporam-se outros modos de falar do trabalho policial, a literatura – e em particular o conto e o romance policiais – parece útil a tal empresa”, que inclusive foram objeto de análise da autora, como por exemplo, as narrativas policiais do autor Caius Martius, pseudônimo de Cláudio de Mendonça, editor-secretário de Vida Policial publicadas na referida revista. Entretanto, apesar de sua destacada participação nestas discussões Carvalho não foi referenciado em nenhum livro de história jurídica brasileira. Apesar disso, hoje parece estar sendo resgatado em determinados círculos mais conservadores.
O doutrinário e crítico na Vida Policial
O semanário enfatizou a problemática da modernização da polícia, como também nos debates sobre as questões que envolviam a adoção da Escola Positiva (do criminoso nato, determinista) e a Escola Clássica (em que a questão é o crime e o livre-arbítrio do criminoso). Assim, frequentemente, pautavam-se as questões sobre o que era considerado moderno ou modernização da polícia, que envolviam a discussão jurídica das escolas mencionadas acima, aquelas sobre o aparato médico legal e psiquiátrico e as técnicas de investigação, entre outras, cujo pano de fundo era elogio ao caráter irretocável da maioria das figuras públicas de comando das polícias, à eficácia teórica e à técnica da instituição.
No preâmbulo editorial do número 1 da revista, destaco um trecho em que se revela a adesão aos “modernos” processos de repressão policial:
Dos remotos e bárbaros meios de repressão e castigo adoptados por esse e outros policiais do século passado, chegamos, através do progresso constante por que veio passando o paiz, á polícia scientifica, sem algemas, sem açoites, sem pelourinho, e mesmo sem o clássico porrete de madeira nodosa, apanágio e distinctivo, até a poucos annos, do nosso antigo e impagável “secreta”… [30].
Os seus editores negavam qualquer simpatia ideológica e afirmavam que a revista era completa e radicalmente dissociada das questões políticas. Reconheciam-se como neutros tais quais eram as forças policiais, com o objetivo de dar a “notícia, crítica e doutrina. Completamente, radicalmente alheia à política”[31]. Além da busca do reconhecimento nacional.
Note-se que, mesmo com a neutralidade valorizada pela revista no decorrer da sua existência, o seu editor, Waldemar de Figueiredo, envolveu-se em uma querela judicial com setores da polícia ligados ao jogo do bicho, na cidade do Rio de Janeiro, e foi condenado a dois meses de prisão no Estado Maior no Quartel da Polícia. Esta disputa foi pauta de inúmeros editoriais da revista. Waldemar se opunha à existência do jogo no país e afirmou que setores da polícia eram corrompidos para que os negócios dos bicheiros se desenvolvessem sem problemas. Esta condenação muito provavelmente finalizou a história da Vida Policial. Posteriormente, alguns escritores e secretários da revista participaram num outro veículo que continha parte das propostas da revista, o Boletim Criminal.
Em outros diversos editoriais e matérias, a revista inseriu os principais temas de combate: o jogo do bicho, a prostituição, a caftismo, a cocaína e o álcool. Em relação à cocaína, a publicação de fotografias de traficantes fazia-se presente nas publicações, o chamado “vendedor de tóxicos”, do “pó illusão” vendido em todas as classes da sociedade, que cotidianamente era preso. Contudo, já naquela época:
[…] o que, porém, nos parece, é que só se deixam apanhar os vendedores de ínfima classe. Aquelles que fornecem o pó maldito à gente da elite, contam, certamente, com a sua proteção, e enquanto a polícia se satisfaz com a captura de um pobre diabo, o tóxico continúa a se vender, envenenando a população.[32]
Sobre a cocaína, havia o destaque na revista para as matérias policiais onde somente o traficante e o consumidor da ralé eram a pauta, esses eram descritos e as suas fotos publicadas. Nos textos o discurso era o da criminalização ou/e o da medicalização. Recorrente era a associação da figura da prostituta com o vício, o que pode evidenciar uma implícita vinculação do erótico, com o vício e o prazer do consumo de drogas.
A medicalização e a patologização do social transformou o papel dos tipos sociais delinquentes e marginais. O mundo do crime e dos criminosos é, assim, analisado a partir de suas inter-relações com os novos e modernos, na época modelos explicativos do social, que tinham como viés teórico a criminologia e a antropologia criminal de base positivista, que influenciaram o pensamento e a prática de controle social no Brasil, área fundada também pela psiquiatria, sociologia e estatística, pelo serviço de identificação, os exames periciais e a antropometria[33].
O atrelamento entre o direito e a ciência permitiu a explicação determinista racial, a partir das questões climáticas, sazonais e de gênero sobre a delinquência e a criminalidade, possibilitando e atualizando novas tendências de intervenção estatal sobre o assunto, bem como a construção de novos estigmas[34] agora validados por teorias supostamente científicas. A vigilância e o controle policial foram justificados de modo científico em casos sobre alcoolistas, prostitutas, epiléticos, tatuados, vadios, estrangeiros imigrantes, negros, usuários e viciados em drogas, doentes mentais, praticantes de jogos de azar, também no teatro e no cinema, sob a forma de censura, e em comportamentos sexuais não normativos, entre outros[35].
Neste período de intensas discussões e disputas, entre representantes das escolas de direito, políticas repressivas e criminais em relação a marginalizados sociais eram debatidas desde as reformas do Código Penal de 1891. Entretanto, para Ribeiro, houve casos em que a Escola Clássica é acionada, em situações específicas, e outros em que a Escola Positiva é a que norteia a análise. Portanto, a combinação dois modelos, no Brasil, é específica, e questões como raça, classe e gênero foram a base para acionar-se, uma ou outra vertente.[36]
O noticioso e a narrativa criminal: o sensacional na revista
Em 1926, em nota publicada, anunciou-se a passagem da propriedade do semanário para a Casa Editora Benjamim Costallat e Miccolis,[37] contudo o negócio foi desfeito, anunciado no número seguinte da revista e o que permaneceu foi a edição da revista na tipografia de José Miccolis. É interessante demarcar que, neste contexto, a editora de Costallat e Miccolis era considerada a criadora de best sellers, chamados de romances-sensação e romances para homens[38].
O sensacional na revista faz referência, principalmente, à forma e à linguagem de como eram veiculadas as matérias noticiosas de crimes e das narrativas policiais.[39] A revista Vida Policial apresentava, em sua formatação, características tipificadas como sensacionais. No que se referem às capas do hebdomadário, de um total de 82 capas, 23 representavam o crime tipificado no Código Penal como assassinato e, deste total, 12 capas retratavam assassinatos ocorridos no passado que se tornaram parte de uma memória dos crimes célebres.
Outro tipo de representação presente que classificamos como fatos sensacionalizados, compuseram 21 capas da seguinte maneira: preso faxina, pessoas apanhando xepa[40], a cidade e seus tipos, fumerie de ópio, cangaceiro Antônio Silvino, cocaína na alta roda, cartomante, rendez-vous, candomblé, embriaguez, espionagem, duelo, narcotizadores, mendigos, traição, Sade açoita mulher nua, passional, apache vinga-se, bruxas, Salomé, feiticeira da antiguidade, linchamento de negro nos EUA. Por certo que um imaginário de mistério e relações proibidas era as tônicas centrais nas imagens. Outras capas que se destacaram numericamente (17) foram as que retratavam os contos e folhetins policiais, em especial as histórias de Caius Martius, pseudônimo do editor da revista Claudio de Mendonça.
Nas décadas de 1910 e 1920, desenvolveu-se uma imprensa com o apelo ao sensacional. Exemplos deste tipo de formatação estilística foram os jornais A Manhã (1925) e A Crítica (1928) que, de modo central e fundamental, “colocam em cena os ingredientes fundamentais do jornalismo sensacional, que apela para valores culturais, para o imaginário e para as sensações de uma memória social coletiva”[41]. Nesse sentido, na revista Vida Policial, se encontram inúmeras fotografias de cadáveres, sejam em estado de decomposição ou mortos com extrema virulência. Assim, na coluna da revista intitulada Os jornalistas do crime, o jornalista criminal Octacilio Meirelles foi definido como um repórter paradoxal e a sua forma de ação na rua foi assim descrita:
[…] o Meirelles, tranquilamente vae passear e fingir de chefe político na praça da Bandeira, sempre impertubavelmente tranqüilo. Dahi a pouco os garotos vem dar a carne fresca da noticia à fera do publico, como diz o humorista Mark Twain. E então o Meirelles abre a cigarreira, apresenta-a escancarada a quem quizer fumar, accende o seu cigarro e diz com displicência, quase sem perguntar: – As notícias não estão iguaes?[42]
A imprensa se referia à notícia policial, ressaltando sempre que esta era uma demanda do público, ansioso por notícias e, em especial, pelo tipo de matéria intitulada popular e de crimes, quase como num modo continuo: o público, o leitor, a fera que devora a notícia como carne fresca porque o quer e de modo instintivo, a analogia parece ser tautológica. Obviamente, essa questão estava intrinsecamente relacionada às vendas deste tipo de noticiário. Outra questão pertinente era a relação que o jornalista policial estabelecia com os seus informantes, bem como a operacionalização de seu campo de investigação, o que obviamente tinha como espaço as ruas e como objeto a carne fresca.
Como estratégia de aproximação e rapidez de obtenção de informação deste jornal, criou-se a intitulada “caravana de crítica”, em que os repórteres se dirigiam ao local do fato criminal. Estes profissionais eram qualificados de várias formas positivas, tais como “aventureiros em meio aos perigos”, que realizavam os seus trabalhos ao vivo. Assim, “plasmou-se este grupo de empolgantes “sherlocks” em um núcleo corajoso de farejadores de crimes, de tragédias, dos pesquisadores de curiosidades, dos decifradores de mistérios”[43].
Portanto, o trabalho do jornalista aproxima-se do modo de realização do trabalho investigativo policial e, é claro, do investigador da narrativa ficcional. A comparação era entre três tipos diferenciados de profissionais, mas a aproximação está presente: o jornalista policial, o policial e o investigador diletante, o Sherlock da cidade.
Nas páginas da Revista Policial, houve uma série de colunas fixas, como “Os crimes da cidade”, “Os grandes crimes da cidade”, “Galeria de criminosos célebres portugueses”, “Os crimes de Paris” e “Memórias de um rato de hotel”, entre outras, que enfatizavam o sensacional na construção sobre crimes e criminosos. De modo geral, parece haver uma linha editorial ambivalente, pois, quando as descrições “memorialistas” eram realizadas por um jornalista da revista, o viés da análise era sempre condenatório da prática transgressora e celebradora da eficácia profissional da polícia. Por outro lado, quando a descrição era a do próprio criminoso, a sua própria memória, contada por ele, como a motivação e a justificação de seus delitos, amenizavam o ato individual e enfocavam algo que socialmente não lhe era justo. Outra perspectiva presente era a da implícita ou aberta da celebrização de alguns indivíduos que cometeram atos criminosos.
Estas matérias que chamamos de memorialistas versavam sobre crimes bárbaros e violentos, com destaque para a utilização de fotos e desenhos que tornavam visíveis os corpos dilacerados e mortos, semelhantes às fotos de perícia policial. Há de se levar em conta a possibilidade de essas matérias encontrarem fontes primárias e periciais nas forças policiais, que em seus arquivos possuíam estas imagens, bem como as informações sobre os crimes e criminosos citados. Portanto, pode-se aventar que as relações entre os policiais, informantes e jornalistas eram intrínsecas e fomentavam um tipo de informação, de comunicação midiática. Exemplo deste tipo de matéria destaque para a capa em que o assassino Pedro o Hespanhol corta o pescoço de uma mulher[44].
É importante ressaltar que, na maior parte das matérias que versavam sobre os grandes crimes, o papel da polícia era exaltado e elogiado, tanto o trabalho de perícia técnica, como o papel da inteligência do policial e de sua perspicácia na resolução do crime e, claro, no aprisionamento do delinquente degenerado. Primam por descrever em detalhes todo o trabalho policial, em citar os nomes dos policiais que solucionaram os crimes ou pelo menos do chefe e parabenizá-los. Destaque também as capas com figuras públicas da alta esfera de poder tais como chefes de polícia, antigos e atuais, membros da alta cúpula do judiciário, entre outros, e também o presidente da República Washington Luís.
Inúmeros foram os casos célebres, entretanto podemos primariamente atestar que eles se dividiam em alguns tipos: crimes violentos homicidas e crimes contra o patrimônio. Ao primeiro caso, podemos adicionar casos de latrocínio e destacar casos de parricídio, assassinos em série (este termo não existia na época) ou contumazes, assassinos de prostitutas, entre outros. A revista também descreveu crimes ocorridos em outros países que chocaram pela violência, bem como destacava, por exemplo, uma matéria sobre a pena de morte por meio da guilhotina, com a execução tendo sido narrada passo a passo, com detalhes pormenorizados; ou como o caso do uso da tortura na China.
No segundo caso os dos crimes contra o patrimônio eram relatados principalmente os do ladrão de vasto currículo, “degenerado”, quase compulsivo (este termo também não era usado na revista), que, ausente de controle sobre os seus atos, rouba até ser preso pela polícia. Há destaque também para crimes cometidos por crianças e jovens, que nos remetem a Oliver Twist, criado por Charles Dickens personagem literário que, já na década de 1920, suscitava uma série de interpretações e justificativas, bem como chamava a atenção para a necessidade de contenção de suas ações não aceitáveis, que deveriam ser combatidas em função da necessidade de proteção específica a este grupo etário[45]. Recorrentes também eram os discursos que criticavam o cinema e a literatura criminal como agentes diretos, informativos e influentes para que crianças ou jovens fossem iniciados no mundo dos atos delinquenciais.
As referências às narrativas ficcionais policiais podem ser encontradas na revista Vida Policial ao longo de toda a sua existência. Eram publicações de sucesso que repercutiam em várias seções, como, por exemplo, nas cartas dos leitores na seção Caixa de Correio, em que se respondeu a um leitor sobre onde encontrar determinado livro: “Comissário (Rio), em qualquer livraria o sr. encontra. Intitula-se “O mysterio” e foi publicado na “A Folha”, o sympathico vespertino de Medeiros e Albuquerque”[46].
Em a Vida Policial, a publicação de contos ou folhetim policial fora recorrentes desde os seus primeiros números, porém neste hebdomadário, publicaram-se inúmeros outros tipos de produção narrativa ficcional, tais como narrativas do gênero de terror, do fantástico, romance de aventuras, memórias de policiais, entre outros. No total de 82 revistas analisadas, encontramos cerca de 173 contos ou folhetins policiais. Neste conjunto, encontramos os seguintes autores, alguns deles atualmente conhecidos: Caius Martius, Several, H. R.Woestyn, Arthur Antunes Maciel, E. W. Hornung, Arthur Conan Doyle, Dr. P. Rosenhain, Gaston Leroux, F. Britten Austin, Medeiros E. Albuquerque, Edgard Allan Poe, Maurice Level e Nick Doile, entre outros.
A revista também foi vendida em coleções completas e destacava-se na sua propaganda a presença de narrativas descritas como romances policiais, tais como “Raffles e a vida aventureira de Affonso Coelho”. Posteriormente, estas definições no Brasil foram refeitas, e romance policial era categorização da revista para estas narrativas. E, já no primeiro número da revista, era anunciada a publicação de “lindas novellas policiaes, cujo sabor inédito desde já garantimos, visto o redactor incumbido por ´Vida Policial` do trabalho de traducção dedicar-se exclusivamente a esta revista”[47].
Em 1925, acompanhando essas tendências, a revista Vida Policial analisou as consequências do progresso na cidade do Rio de Janeiro, entre elas a presença cada vez mais acentuada de crimes específicos:
Naquele tempo, digamos assim, em 1906, o Rio ia perdendo os seus aspectos de cidade antiga e revestindo-se de característicos dos centros onde o progresso opera as mais radicaes transformações. A cidade tão silenciosa e tão pacata em outros dias, já vibrava attingida por acontecimentos perturbadores. E nessa onda de progresso vieram também os crimes sensacionaes, os crimes praticados mediante planos cuidadosamente tecidos.[48]
A cidade do Rio de Janeiro na década de 20, do século XX, era o centro administrativo e político do país, era também o centro dos acontecimentos referenciais da cultura do país, portanto, além da cidade de São Paulo, o referencial de urbanidade. Nesse momento, o Rio de Janeiro era o local em que medidas de reurbanização foram promulgadas e postas em prática, em 1890 e na reforma de Pereira Passos reurbanização que visava tornar a capital do país moderna, europeia e símbolo de progresso. O Rio civilizou-se e, para tanto, medidas de segregação dos indesejáveis tornar-se-iam pauta dos dias de mudança.
Logo, trabalhamos com a relação da revista Vida Policial e a construção sobre o mundo antigo versus o novo mundo que já estava àquela época em um momento de intensas transformações. O crime era um problema em termos quantitativos e qualitativos e colocava em relevo uma série de grupos diferenciados como o imigrante indesejável, o cientista perverso, os insanos, entre outros.
Vida Policial pautou em suas matérias grande parte dessas questões, o que envolvia a perseguição e o aprisionamento dos vadios e mendigos, das crianças e dos adolescentes abandonados, além da ameaça estrangeira, do jogo, da prostituição e do perigo dos momentos de aglomeração urbana, tais como o carnaval, da representação do comunismo como ideologia perigosa entre os trabalhadores, do problema do tráfego e dos acidentes; além das contravenções, o jogo, o lenocínio e a prostituição, das drogas, o seu consumo e tráfico, fazendo-se necessárias, então, a punição, nesse momento, em vias de organização seguindo uma perspectiva mundial; do álcool, da questão das armas, de sua propriedade e o comércio, além da questão da censura de diversões públicas, notadamente o cinema e o teatro.
Assim, a narrativa policial publicada na revista Vida Policial se insere neste debate, porque tais discussões extrapolaram os meios jurídicos e migraram para práticas e reflexões de jornalistas, médicos, literatos e meios policiais civis ou militares. Assim, concomitante a este tipo de discurso, o periódico inseria a literatura criminal, em especial a narrativa criminal detetivesca que neste contexto operava subliminarmente em suas avaliações sobre as vítimas, os perpetradores, os detetives e seus meios por modo de classificações constituídas de subjetividades e objetivações sobre o mundo social como um todo.
- Silvana Contijo, O mundo em comunicação, Rio de Janeiro, Aeroplano, 2001, p. 201-203. ↵
- Vida Policial, 1926, n. 79, sem página. Mário José voltou a colaborar com a revista em 1926, tendo o seu retorno sido anunciado em matéria assinada por Mendonça, intitulada “Mário José de novo entre nós”.↵
- Vida Policial, 1926, n. 80, sem página.↵
- Marcos Luiz Bretas, Ordem na cidade: O exercício cotidiano da autoridade policial no Rio de Janeiro: 1907-1930, Rio de Janeiro: Rocco, 1997, p.59.↵
- Olívia Maria Gomes da Cunha, Intenção e Gesto, Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2002, p.209.↵
- Ibidem, p. 172.↵
- . Portanto, “a DGI era o mais importante órgão da Polícia Civil carioca na época, herdando da famosa 4 a Delegacia Auxiliar toda a tecnologia na organização de arquivos e fichários próprios, contendo a ´vida criminal` de muitos suspeitos que passavam pelas delegacias distritais e especializadas. Ibidem, p. 179.↵
- Ibidem,. p. 135.↵
- Vida Policial, 1926, n. 80, sem página.↵
- Ibidem, n. 74.↵
- Vida Policial, Rio de Janeiro,1926, n. 77, sobrecapa. Este almanaque da Vida Policial foi antecipado em diversas propagandas, porém não há referência alguma ao fato de sua existência concreta no acervo da Biblioteca Nacional, portanto acredito que não foi publicado. Utilizo a propaganda, pois creio que ela era sintetizadora dos tipos de matérias publicadas na revista. ↵
- Sueann Caufield. “Getting into Trouble: Dishonest Women, Modern Girls, and Women-Men in the Conceptual Language of Vida Policial, 1925-1927.” Signs: A Journal of Women in Culture Society 19, 1 (1993): 146-76.↵
- Vida Policial, 1925, n.1, p. 5.↵
- Ibidem, p. 1.↵
- Ibidem, n. 4, p. 45.↵
- Ibidem, n..2, p.156.↵
- Vida Policial, 1925, n..12, p.19.↵
- Ibidem, n.1, s. p., Preâmbulo.↵
- Ibidem, p. 1.↵
- Vida Policial, Rio de Janeiro, 1925, n. 6, p. 41.↵
- Vida Policial, Rio de Janeiro, nº 31, 1925, p. 32-33.↵
- José Félix Alves Pacheco (1879-1935), piauiense, bacharel em direito, poeta, jornalista, deputado e senador reeleito. Criou e dirigiu o Gabinete de Identificação e Estatística do então Distrito Federal (Rio de Janeiro). Esta instituição chama-se atualmente Instituto Félix Pacheco. Em 1912, ingressou na Academia Brasileira de Letras. ↵
- Vida Policial, Rio de Janeiro, nº 31, 1925, p. 32-33.↵
- Hermeto Lima era bacharel em direito e foi um dos responsáveis pela criação Gabinete de Identificação e Estatística, em 1907.↵
- Vida Policial, Rio de Janeiro, nº 31, 1925, p. 32-33.↵
- Ibidem, nº 8, p. 19. Elysio de Carvalho publicado com frequência pela revista. Entre as matérias do autor publicadas na revista cito algumas a seguir: “A Physionomia da criminalidade carioca, por Elysio de Carvalho”. Revista Vida Policial, Nº 30, 1925, p. 32-33; “Factos e Idéias: O orçamento do crime, por Elysio de Carvalho”; Revista Vida Policial, nº 34, 1925, p. 13-16; “Os Crimes célebres – Enigma Trágico: – Miguel Tradd, por Elysio de Carvalho”. Revista Vida Policial, nº 34, 1925, p. 3-5; “Elysio de Carvalho ´detective`”. Revista Vida Policial, nº 39,1925, p. 6; “A Luta contra o crime – o typo do ‘detective do século XX”, Elysio de Carvalho. Revista Vida Policial, nº 42, 1925, p. 1-3; “As instituições do crime”, Elysio de Carvalho. Revista Vida Policial, nº 51, 1926, p. 22-24; “A nova encarnação de Vantrin, Elysio de Carvalho”. Revista Vida Policial, nº 61, 1926, sem pg.↵
- Ibidem, p. 19.↵
- Olívia Maria Gomes da Cunha, Intenção e Gesto, op. cit., p. 188.↵
- Ibidem, p. 294.↵
- Vida Policial, Rio de Janeiro, n.1, 1925, p. 1.↵
- Vida Policial, Rio de Janeiro, n.1, 1925, p. 1.↵
- Vida Policial, 1925, p. 23, Rio de Janeiro.↵
- Elizabeth Cancelli, A cultura do crime e da lei, Brasília, Editora da UNB, 2001. ↵
- Erving Goffman, Estigma, Rio de Janeiro: Zahar, 1980.↵
- Elizabeth Cancelli, A cultura do crime e da lei, op. cit. p. 31. ↵
- Carlos Antonio Costa Ribeiro, Cor e Criminalidade: Estudo e análise da justiça no Rio de Janeiro (1900-1930), Editora UFRJ, Rio de Janeiro, 1995.↵
- Em nota, Vida Policial, n. 59, 1926. O carioca Costallat (1897-1961) foi cronista e crítico de arte do Jornal do Brasil, além de escritor, tendo publicado as crônicas A luz vermelha e Depois da meia noite e o romance Mademoiselle Cinema. Este romance publicado em 1924 “[…] parece ter vendido, segundo seus editores, 25 mil exemplares em três edições sucessivas no espaço de dez meses, chegando, pouco depois, ao sexagésimo milheiro na sua quinta impressão” até ser recolhido por ser visto como escandaloso e pornográfico. O processo contra a editora de Costallat e do italiano José Miccolis incluía a publicação de “Os Devassos” e Romeu de Avelar e “Mademoiselle Cinema, de Costallat foi concluído e declarado improcedentes as acusações. Estas que se valiam do decreto-lei de número 4743, de 1923, que regulava a “liberdade de imprensa”, quanto a questões de “ofensa à moral pública ou aos bons costumes”. Alessandra El Far Páginas de sensação, op. cit., p.284-289.↵
- Wilson Martins, “Pornografia no Rio”. In: O Globo, Observatório da Imprensa. 25/012005. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/entre-aspas/wilson-martins/. Acesso em: 11 ago. de 2006.↵
- Ana Gomes Porto, Novelas sangrentas: literatura de crime no Brasil (1870-1920).Tese de Doutorado em História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade de Campinas, Campinas, São Paulo, 2008.↵
- Xepa refere-se a restos de comida passados deixados após a realização de uma feira livre.↵
- Marialva Barbosa, História Cultural da Imprensa, Rio de Janeiro: Mauad X, 2007, p. 48-49-56.↵
- Vida Policial, n.32, 1925, p. 3 (sem grifos no original).↵
- Marialva Barbosa, História Cultural da Imprensa, op. cit., p. 66. ↵
- Vida Policial, 1925, n. 8, s. p.↵
- Segundo Haining, Dickens é considerado o primeiro detetive significativo na literatura inglesa, sendo que os elementos da narrativa policial como o mistério, um crime e uma busca pela detecção do fato estiveram presentes em inúmeros escritos do autor. Peter Haining, The classic era of crime fiction, Chicago Review Press, 2002, p. 14.↵
- Vida Policial, 1925, n. 24, p. 21.↵
- Vida Policial,1925 n.1, p. XX. ↵
- Ibidem, 1925, n.6, p.20.↵